Este conteúdo foi publicado em 11 de Março de 2019 21:36 Pessoas esperam em uma fila para encher vasilhames com água de uma montanha em Caracas 11/03/2019 REUTERS/Manaure Quintero Por Shaylim Valderrama e Anggy Polanco CARACAS/SAN CRISTÓBAL, Venezuela (Reuters) - Grande parte da Venezuela, incluindo áreas da capital Caracas, permanecia sem eletricidade nesta segunda-feira pelo quinto dia seguido, comprometendo as vitais exportações de petróleo e deixando pessoas com dificuldade para obter água e comida. O presidente Nicolás Maduro, que tem dito que o blecaute sem precedentes é resultado de uma sabotagem dos Estados Unidos na usina hidrelétrica de Guri, determinou novamente a suspensão das aulas e do funcionamento de empresas e estabelecimentos comerciais, como havia feito na sexta-feira. Fontes do setor de energia --de onde vem a maior parte das receitas externas da Venezuela, vital para o governo Maduro-- disseram que as exportações do principal terminal petrolífero do país, José, foram interrompidas pelo blecaute. O Congresso controlado pela oposição convocou uma sessão de emergência para discutir os cortes de energia, que associou com suposta negligência por parte do governo socialista de Maduro. O mandato de Maduro está sendo contestado pelo líder do Congresso, Juan Guaidó, que invocou a Constituição venezuelana em janeiro para assumir a Presidência após declarar a reeleição de Maduro em 2018 uma fraude. Guaidó foi reconhecido como chefe de Estado legítimo da Venezuela pelos Estados Unidos e Brasil e pela maior parte dos países do Ocidente, mas Maduro mantém o controle das Forças Armadas e das instituições estatais. O blecaute, que começou na tarde de quinta-feira, tem intensificado a frustração entre venezuelanos que já sofrem com ampla escassez de alimentos e remédios, à medida que a antes próspera economia do país passa por um colapso hiperinflacionário. Alimentos têm estragado dentro de geladeiras, hospitais têm enfrentado dificuldade para manter equipamentos funcionando e moradores têm se aglomerado nas ruas de Caracas em busca de instáveis sinais de telefonia para contatar familiares que vivem no exterior. Nesta segunda-feira, venezuelanos faziam fila para encher recipientes com a água que escorriam de uma montanha próxima a Caracas. “Isso está me deixando louca”, disse Naile Gonzalez em Chacaíto, um bairro comercial de Caracas. “O governo não quer aceitar que isso é culpa deles, porque eles não fazem nenhuma manutenção há anos.” Especialistas consultados pela Reuters acreditam que o blecaute nacional começou em linhas de transmissão que levam a eletricidade da hidrelétrica de Guri ao sul da Venezuela. A rede elétrica da Venezuela tem sofrido com anos de falta de investimento e manutenção. Restrições em importações têm afetado o fornecimento de peças de reposição, enquanto muitos técnicos qualificados têm deixado o país em meio a um êxodo de mais de três milhões de venezuelanos nos últimos três anos. Na manhã desta segunda-feira, uma subestação de energia explodiu no sudeste de Caracas, cortando o fornecimento para áreas próximas, de acordo com testemunhas da Reuters. A falta de eletricidade têm agravado uma crise em hospitais da Venezuela, que também sofrem com falta de investimentos e manutenção, além da escassez de medicamentos.